Conhecer aqueles que vieram antes de nós é como entrar em contato do fragmentos de nós mesmos. Nossa ancestralidade nos define mais do que podemos imaginar e dar um passo em direção a ela tem um grande poder.
Certamente, se hoje estamos aqui é porque muitos vieram antes de nós.Portanto, honrar e cultuar a memória da nossa ancestralidade é algo praticado desde sempre por povos nativos de todo o mundo.
Sendo assim, a morte em si talvez seja o rito de passagem mais difícil de assimilarmos em vida, além de trazer consigo questões sem respostas definitivas – o próprio mistério da encarnação.
Contudo, em todo o tempo em que a humanidade habitou este planeta, buscou entender essa transição e até hoje, apresentou certa inabilidade em lidar com o luto.
Em princípio, ao longo da história, muitos foram os rituais criados visando ressuscitar os entes queridos. Assim deu-se, por exemplo, a tradição do Kuarup – um festival fúnebre das tribos indígenas do Xingu. Praticado até hoje, conta-se que o ritual surgiu inicialmente, quando Mawutzinin, considerado um deus e primeiro homem do mundo por algumas tribos indígenas.
Ele decidiu então trazer de volta à vida os mortos. Para isso, ele pegou três troncos de kuarup e realizou uma série de rituais que incluíam danças, cantos e comilanças.
Nossa Ancestralidade tem Poder
Em muitas sociedades africanas a veneração ancestral é ainda um dos princípios dos cultos contemporâneos. Para muitos, desde as tradições dos povos nativos até hoje, os mortos possuem poder especial e estão logo abaixo dos deuses, em uma hierarquia hipotética. Há mesmo os casos onde se acredita que nomear um descendente com o nome de seu antepassado permite que o antepassado continue a viver por meio de seu descendente.
No Japão, em todas as classes, é prestado o culto diário perante o altar, sendo preparado alimento para os pais, avós e parentes próximos relembrados em carne e osso, representados no altar por pequenos túmulos.
Para os mexicanos, celebrar a morte de ancestralidade é sinônimo de festa que foi inclusive, considerada pela Unesco como patrimônio da humanidade. entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro, famílias e amigos se reúnem para comemorar a visita dos antepassados à Terra na festa do Dia dos Mortos.
Ancestralidade Sempre ao nosso Lado
Quem já perdeu entes queridos sabe bem como sua memória, força e ensinamentos estão sempre presentes a nosso lado. Por isso, não precisa nem ir muito longe investigando o que faziam povos nativos daqui e de outras partes do mundo.A experiência comprova coisas que muitas vezes a razão não pode explicar.
Mas além de nossos pais, tios e avós, vieram antes deles muitos outros ancestrais que constituíram nossa árvore genealógica e que, de alguma forma, influenciaram (e influenciam) a nossa própria trajetória. Então, porque não honrar nossa ancestralidade, nos aproximando ainda mais de quem somos? Limpando velhas feridas, conhecendo os passos de nossa família nesse mundão.
Aqui reunimos 4 maneiras de honrar nossa ancestralidade e entrar em conexão com aspectos antigos e profundos daquilo que somos.
Cumprir com o propósito da sua alma
Enquanto a psicologia nos mostra por a mais bê que herdamos os padrões e crenças dos nossos ancestrais, e que devemos fazer o possível para irmos além delas. Também são eles, os que vieram antes da gente, que podem nos dar forças para cumprirmos nossa missão no mundo. Encontrar nosso propósito de vida, também conhecido como dharma nas culturas orientais, parece um bom jeito de honrar nossa ancestralidade.
Portanto, expressar nosso potencial no mundo, entregando nossos dons e talentos para a humanidade, em forma de serviço, é um jeito incrível de agradecer aqueles que vieram antes de nós.
Assim como entenderam os povos antigos, somos uma continuação dessa linhagem, e quando um de nós é vitorioso no propósito de sua alma, é capaz de dar força para todos aqueles que vieram antes e virão depois.
Dedicar ações positivas em nome dos que já foram
Segundo pesquisa de Ulrich Mayr, professor de psicologia da University de Oregon, fazer doações a quem precisa, ativa partes do cérebro que têm a ver com a sensação do prazer. Essas áreas estão ligadas às nossas necessidades básicas como comida, moradia, sexo e conexão social. São elas que “dizem” o que é bom para nós. honrar nossos ancestrais dedicando ações positivas em nome deles teria um efeito extremamente benéfico. tanto para quem doa, quanto para quem já foi, possivelmente irradiando para toda a árvore genealógica. Pode ser legal não só fazer doações, como propõe a pesquisa, mas atos que possam, inclusive, reparar ações negativas cometidas pelos antepassados. Ou seja, uma forma de pedir desculpas em seu nome.
Ativar um canal de comunicação com a ancestralidade
Para honrar sua ancestralidade é preciso, antes de mais nada, conhecê-la. Se alguém pedisse para você dizer o nome de todos os seus bisavós, qual seria a sua resposta? Experimente começar essa busca por seus entes queridos. Vale desenhar no papel um esquema sucessório para montar sua árvore. Esse exercício, por si só, já abrirá portais profundos de comunicação. já que, no mínimo, você terá que pedir ajuda dos mais velhos ainda vivos para encontrar as respostas. Se abra para ouvir suas histórias, ver fotografias antigas. Acredite: conhecer nossa ancestralidade é conhecer a nós mesmos.
Criar um espaço físico para homenageá-los
Portanto, que tal escolher um lugar para servir de “ponto de encontro” na sua relação íntima com sua ancestralidade. Pode ser um altar em sua casa, mas também as raízes de uma árvore do parque que tem aí perto. Não há limites para o que seu coração sentir. A intenção é criar esse espaço de conexão para honrar a ancestralidade e manter o relacionamento entre vocês ativo. Dessa forma, sempre que se dirigir para lá, estará, simbolicamente, indo de encontro aos seus ancestrais que permitiram que você estivesse aqui.
Veja também como Marcelo Rosenbaum conseguiu resgatar saberes ancestrais, utilizar em seu trabalho e atrair o olhar do Brasil e do Mundo para comunidades esquecidas.
Com infos de: G1, Museu do Índio. Kuarup, de George de Cerqueira Leite Zarur, Revista Métis: História & Cultura da Universidade de Caxias do Sul, AcordaCultura.org